Educação, Trabalho e Inclusão: o que os números revelam sobre a deficiência no Brasil

Pessoas com Deficiência existem. Elas são milhares e estão em todos os lugares. Elas acordam pela manhã, fazem sua higiene, algumas vão para instituições, outras para escola, outras para o trabalho. Pessoas com deficiência amam, namoram, podem se casar se quiserem. Pessoas com deficiência, ouvem música, navegam na internet, dançam, fazem atividades físicas. Pessoas com deficiência votam, compram, reivindicam. Pessoas com deficiência vivem cada dia de uma vez, cada uma com seus desafios particulares. Os números frios revelam uma verdade incômoda: essa parcela da população enfrenta barreiras invisíveis que comprometem seu acesso à educação, ao trabalho e à independência financeira.

Em 2023, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios divulgou, pela primeira vez, dados sobre Pessoas com Deficiência no Brasil. E os dados, infelizmente, ilustram a desigualdade. A taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 19,5%, enquanto para aquelas sem deficiência é de apenas 4,1%. E mesmo entre as que sabem ler e escrever, o acesso à educação formal é uma luta constante: 63,3% das pessoas com deficiência de 25 anos ou mais não completaram a educação básica.

Se a educação é um dos principais caminhos para a autonomia, o mercado de trabalho deveria ser a ponte para uma vida independente. No entanto, apenas 26,6% das pessoas com deficiência estão empregadas, enquanto esse número é de 60,7% para o restante da população. E quando conseguem um emprego, a maioria (55%) está na informalidade, sem garantias e sem segurança. A desigualdade salarial também é evidente: a média salarial das pessoas com deficiência é de R$ 1.860, enquanto as sem deficiência ganham, em média, R$ 2.690.

Os números são frios, mas a realidade das pessoas com deficiência é quente, pulsante e inegável. Elas estão nas ruas, nas escolas, nos escritórios, nos palcos, nas quadras. Elas fazem parte da sociedade e merecem acessibilidade, oportunidades e reconhecimento.

A inclusão não pode ser apenas um discurso. É preciso políticas públicas eficazes, fiscalização do cumprimento das leis de acessibilidade e empregabilidade, e acima de tudo, uma mudança de mentalidade. PcDs têm direitos, têm competências e têm muito a contribuir. Que esses dados não sejam apenas estatísticas, mas um chamado à ação para construirmos uma sociedade mais justa, inclusiva e acessível para todos.